quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Ela" em: O maior espetáculo da Terra!


Gente muito próxima garante: “odiava futebol”. Desde menina, até agora balzaquiana, não se conformava com o fato de pessoas adultas, maduras, ficarem 90 minutos na frente da TV vendo um bando de marmanjos correndo pra lá e pra cá, nem sempre atrás da bola. Por isso, às vezes cutucava: “Quanta violência e vocês aí, torcendo, ou melhor, se contorcendo. Ninguém tem nada melhor para fazer”?
A reação da malta infecta era instantânea: “Uuhh, sai daí. Não enche”... E outras cositas sem tradução.
Às vezes, “Ela” até ameaçava desligar a televisão, tratada naquele momento pelos adultos e maduros como um Altar! Com o devido perdão das divindades, aqui adjetivos bem criativos ecoavam não só nos ouvidos daquela menina letrada, acostumados a Bach, mas pela vizinhança inteira.
Até que em um dia de junho conhece um sujeito. Começam a namorar em agosto e a morar juntos um ano depois. ELE, membro vitalício sem saber, da malta infecta, da patuléia, da escumalha... Traduzindo: fanático por um time de futebol (torce oficialmente desde os 3 anos de idade).
Relacionamentos de vento em popa, “Ela” e ELE e ELE e O TIME, conversa vai, conversa vem, “Ela”, acostumada às Artes & Espetáculos cede ao chamado D’ELE, o Ogro, e ruma ao maior palco do esporte bretão: Morumbi!
Eis que começa a transformação D’Ela. Sabe aqueles tratamentos psicológicos à base de regressão?! Então, em um segundo deixaram o campo, ou melhor, o corpo, os atuais 34 anos e entraram os 14.
“Ela” não sabia para onde olhar. Desejou como nunca que a cabeça pudesse girar 360 graus. Parou, estática, no portão de entrada. Ao atingir as entranhas do estádio não resistiu e exclamou: “Nossa, como é lindo”!! E ainda faltava 1 hora para o jogo começar. 1 hora?! E “Ela” com 14 anos... “Quero pipoca doce, daquela rosa”! Comeu meio saco e deixou para o vizinho.
Sai a pipoca, entram as perguntas* (merecem um capítulo à parte).
É claro que não faltaram também observações antropo-sociológicas, mas sucumbiu à festa mundana.
E a bola rola, jogo chato, sonolento, mas “Ela” com os olhinhos parecendo 2 holofotes, feliz como criança que espera o Papai-Noel... E ele vem!
Hoje já foi a 3 jogos e está a caminho de mais um. E pede mais e mais... Além de acompanhar a tabela e buscar uma e outra informação. Com rímel, Curvex e Gloss!!
Bem-Vinda à horda, meu amor!!

*Perguntas, Observações e Vocabulário D’Ela:

a) Platéia = Torcida
b) Por que só tem sorvete de chocolate, uva e limão?
c) Como a platéia sabe onde fica a platéia do mesmo time? Não mistura?
d) Por que estão vaiando? (Estava entrando o trio de arbitragem)
e) Por que estão vaiando de novo? O juiz já entrou. (O time adversário estava aquecendo atrás de um dos gols)
f) Como esticam e enrolam aquele bandeirão?
g) Como todos sabem essas musiquinhas?
h) Por que eles gritam com raiva e olhando para a outra platéia? Dá para ouvir do outro lado?
i) Os jogadores levam o uniforme pra lavar em casa?! (Essa foi a melhor!!)
j) "Ela" não se conforma com a altura do banco de reservas, acha muito baixa: “Coitados, é humilhante ficar ali afundados”.
k) Por que tem um jogador com uma faixa no braço?

3 comentários:

Gi Kato disse...

Sensacional!
Só espero que vocês estejam na platéia certa.
Platéia certa = Palmeiras!!!

Unknown disse...

ELA talvez tenha estranhado:
- a iluminação (do dia ou dos refletores à noite) pouco sutil;
- a falta de amêndoas à venda no estádio;
- o figurino, um pouco convencional ou repetitivo para ELA;
- o falatório da platéia durante o espetáculo;
e...
- cadê a trilha sonora high-tech???

Atosi disse...

Coisa mais fofa! Essa é a minha cunhada!