Uma rua d'além mar!

Aaaahh, PAZ! Quem diria, em pleno coração de Pinheiros, ou seria Cerqueira César, uma rua com ares de antigamente.
E olha que não é daquelas sem saída, muitas vezes até ilegais.
São 2 quarteirões que ligam a Rebouças à simpática Pça. Benedito Calixto. Dois quarteirões apenas!
Prédios mais antigos, como o onde moro (que minha esposa apelidou carinhosamente de “predinho”), casas, prédios imponentes, restaurantes, comércio... Na rua mesmo, por incrível que pareça, tudo isso em quantidade decente (nada que justifique algazarra, para usar um termo saudosista. Ou “muvuca”, como dizem as tribos de hoje). Nessa rua convive-se como se estivéssemos numa cidadezinha que mescla modernidade com sossego, conveniência com convivência...
Aaaahh, PAZ na metrópole!
PAZ?!?
Estou para ver uma rua de aparência tão meiga, inocente até, conseguir tamanha transformação quase em todas as noites-madrugadas. Não, não... Isso ocorre também durante a semana sim, e não às sextas e sábados como estamos, todos nós paulistanos, acostumados.
Qual será o mistério dessa rua? O que ela esconde? Como muda da água para o vinho e ninguém percebe?
Como à noite todos os gatos são pardos, quem decifrará esse enigma? E por falar em gatos, aqui ocorre de tudo: gatos miando, cachorros retrucando com fôlego de gato, passarinhos que cantam em pleno breu (e não são morcegos), buzina sem tráfego, carros acelerando, gente a papear em alto e bom som caminhando pelas calçadas (até daria para entrar nas conversas, mas a embriaguez do sono não permite um aparte minimamente racional), carros-discoteca (daria facilmente para descer e sair dançando na balada. Só que o gosto musical é pra lá de duvidoso)...
Sei que alguns de vocês devem estar pensando: “Ora, isso é normal. Acontece em todo lugar!”.
Então fica o convite, venha até a Rua LISBOA, pegue da Rebouças até a Pça. Benedito Calixto, acabou o passeio. É curtíssimo... Durante o dia e à noite, por favor. E depois responda com sinceridade: a aparência não é de donzela?! De rua honesta?!
Ledo engano, ora pois!
E fica a dúvida atroz: o que se passa com essa rua quando a noite cai?! O que, ora pois?!

*João Marcos T. dos Santos, em 17 de setembro de 2007/