sábado, 19 de fevereiro de 2011

Monstros

Ok, é um drama desde o original. Mas cisne é um bicho simpático e que não deveria assustar.
Cisne Negro, o ballet cinematográfico protagonizado por Natalie Portman, é simplesmente MONSTRUOSO.
Em pelo menos 2 sentidos: o de extraordinário e o que mexe com os inúmeros monstros que só a gente sabe(ou acha que sabe!) como essas criaturas conseguem habitar de fato, os nossos corpos, mentes, almas etc.
Um turbilhão que suplanta e ultrapassa de maneira contundente o sacrifício imposto pela carreira que leva ao topo desse tipo de dança e instantaneamente se encaixa tranquilamente, ou de maneira MONSTRUOSA, no nosso cotidiano frugal.
Em 2 horas de projeção dá para enumerar os seguintes monstros que atormentam qualquer mortal com alguma vontade de chegar lá(seja isso o que for) e ser minimamente feliz:
1)Cobrança: 1a)Interna. Você lutando com você mesmo, independentemente das suas limitações. A busca pela SUA PERFEIÇÃO(aqui também, seja isso o que for); 1b)Externa. Quem exige de você a superação permanente, "duela quem duela". Até passando do ponto em que isso passa a ser nefasto.
2)Frustração: gente que desconta em você os monstros que não são seus(haja superpopulação!).
3)Proteção: e tome você completamente despreparado para a vida porque alguém acha que está evitando que a vida se aposse do seu corpo e do resto.
4)Culpa: você acaba sentindo culpa por tudo. E quando consegue não pensar nisso, ou se livrar, alguém faz questão de lembrar.
5)Competição: todo mundo é igual, e como você também, dá-lhe a obrigatoriedade da busca pelo sucesso, mesmo sem saber direito o que vem a ser essa palavra. O "sucesso-padrão", é isso mesmo, ultimamente o sucesso é padronizado, globalizado e ai de você possuir outras regras e metas...
6)Tabus: são tantos que é melhor não tentar listá-los. Mas os mais MONSTRUOSOS são os que nos impõem, os que a gente herda.
Cisne Negro é uma obra-prima! Não há nem aquela reflexão doída pós-sessão de cinema. O espetáculo dá um soco no estômago e pronto.
*Ah, e ainda por cima é belo!

2 comentários:

Fabiana disse...

É verdade... eu não tinha notado que não há reflexões mil depois da sessão, embora a gente saia do cinema absolutamente impactado...

Lu Gomes disse...

Oiii!!!Vim xeretar o seu blog por indicação da sua esposa.
Acho que as reflexões pós-sessão não existem porque o choque é grande demais mesmo. E depois, elas acontecem quando a gente começa a analisar como a nossa corrida pela perfeição, seja nos estudos, no trabalho, na vida familiar, no alcance da saúde perfeita etc, nos torna(em maior ou menor grau) tão obcecados e doentes quanto a pobre Nina.